sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O que Nietzsche deve a outros (I)

Cayo Salustio Crispo







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Apesar de algumas considerações sobre seu gosto muito particular que não gosta de aprovar e prefere mais contradizer e negar; que não costuma aprovar em bloco e que poucos foram os autores que influíram em seu estilo e obra, Nietzsche reconhece algumas dessas influências: Salustio, Horácio, Fontenelle, Tucídides, Maquiavel, Jacob Burckhardt, Goethe, Schopenhauer.

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Salustio nasceu em 01 de outubro de 86 a. C e faleceu com 52 anos a 13 de maio de 34 a. C. Seu estilo conciso e uma análise penetrante influenciou Nietzsche que aprendeu latim de um só fôlego surpreendendo seu professor o Senhor Corssen: “Cerrado, severo, com muita substância de fundo, com uma fria malevolência para com a frase bela e os belos sentimentos, Salustio fez com nessas qualidades suas eu adivinhasse a mim mesmo.” (Crepúsculo dos Ídolos).


Trecho de sua obra mais importante: Conjuração de Catilina.


 Em tempos remotos os Reis (este foi o nome que se deu no mundo aos primeiros que mandaram) já exercitavam o ânimo, o corpo, segundo o capricho de cada um: ainda passavam os homens a vida sem ganância: todos estavam contentes com sua sorte. Mas depois que Ciro na Ásia, e na Grécia os Lacedemônios e Atenienses começaram a subjugar os povos e nações, a guerrear somente pelo capricho de poder mandar, e a medir sua glória pela grandeza de seu Império; então mostrou a experiência e os sucessos que o fundamental da guerra é o engenho, a estratégia. E para dizer a verdade se os Reis e Generais fizessem tanto uso dela no tempo de paz, como na guerra, com mais teor de igualdade iriam as coisas humanas, nem as veríamos tão mudadas e confusas: porque o mando facilmente se conserva pelas virtudes mesmas com que a princípio se alcançou. Porém logo que ocupa o lugar do trabalho a preguiça, e o capricho e soberba o da moderação e equidade, muda juntamente com os costumes a fortuna: e assim passa sempre o Império do mal e não merecedor aos melhores e mais dignos. A terra, os mares, e quanto encerra o mundo está sujeito à invenção humana; mas existem muitos que entregues à gula e ao sono passam sua vida, como peregrinado, sem ensino nem cultura; aos quais, trocada a ordem da natureza, o corpo serve somente para o deleite, a alma é apenas fardo e embaraço. Para mim não é menos considerável a vida destes que a morte, porque nem de uma nem de outra fica memória: e me parece que só vive e goza da vida o que ocupado honestamente procura conseguir fama por meio de alguma façanha ilustre ou virtude excelente. Mas como existem tantos caminhos, a Natureza guia cada um pelo seu.

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