segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O Peladão

O Peladão

Por falar em farmácia... Pouco tempo depois do tombo do cavalo ou talvez antes – não me lembro bem, minha Mãe chamou um taxi para levar meu irmão Jarbas Melgaço – o Jarbinhas, que estava com febre, até ao Farmacêutico da Farmácia Fiúza, num dia bem chuvoso.
Quando o taxi estava para sair fiquei com vontade de ir também e comecei a falar para minha Mãe, de forma insistente e puxando a barra do seu vestido. Ela disse para que eu ficasse com minha irmã Jaciára Melgaço – a Iara, mas de tanto insistir minha Mãe acabou concordando. Eu estava somente com uma camisetinha que ia até o meio de minha barriguinha – de bagre, mas não pensei duas vezes e fui entrando no banco de trás do carro. O taxi estacionou na porta da farmácia e minha Mãe me perguntou se eu não ia descer.
Não, não vou ficar aqui mesmo...
A chuva apesar de mais fraca continuava. O motorista e eu calados por alguns momentos. Eu não parava de olhar para dentro da Farmácia para acompanhar o que estava acontecendo. De repente o motorista se virou e disse:
"Ocê num vai descer?"
Não, não...  Eu não posso descer, pois se não vou sujar de barro o carro limpinho do Senhor.
O motorista esboçou um riso nos lábios, balançou a cabeça para lá e para cá virando para frente de novo. 

O tombo (Infância)

O Tombo

(Tatá)

Meu Pai, Jadir Melgaço “o Capitão” tinha uma barbearia com porta para a rua Dr. José Argemiro de Moura, na antiga casa de esquina da Praça Abaeté, que minha mãe, Maria Albanita Melgaço “a Titita”, herdou de minha Avó materna, Maria da Conceição Silva.  Nessa época meu Pai estava exercendo outra atividade que não me lembro qual, provavelmente como motorista da linha Dores – Abaeté, com a Jardineira do Bizinho e, por isso, o barbeiro naquele dia era meu tio materno, José Milton da Silva “o Tatá”.
Numa manhã ensolarada chegou um freguês que deixou seu cavalo estacionado bem próximo à porta da barbearia. O Tatá começou o serviço e eu, ainda bem pequeno, matava minha curiosidade observando tudo que podia no animal. O Tatá percebeu e resolveu me colocar montado no cavalo, que a princípio eu aprovei de pronto. De pronto também foi o tombo e o choro.
Encostado do lado de fora da porta com o olhar comprido para meu Tio, ainda soluçando, Sussurrei baixinho, o que provocou risos nos dois espectadores:
_ Tatááá... Ocê agora tem de “ir lá na” farmácia comprar os remédios – viu !!!???