Homeopatia Cultural
"Meu tio Zico do Bico"
Frequentar uma universidade e uma faculdade tem uma diferença fundamental: o ambiente da universidade exala cultura para todos os lados, enquanto que na faculdade, com raras exceções, o ambiente é a sala de aula. Pensando em tentar amenizar tal deficiência eu incluía nos trabalhos dos meus aprendentes a HOMEOPATIA CULTURAL, OU SEJA, CULTURA EM PEQUENAS DOSES. Infelizmente, o trabalho se restringia a abordar algumas citações que eu considerava capazes de, em sala de aula, trazer alguma contribuição neste sentido. Falas de autores renomados, considerados sábios, filósofos, cientistas. Alguns exemplos: "Tudo é Um" Heráclito" esta foi sem dúvida a que fez mais sucesso. “Mantenha a fidelidade e a sinceridade como princípios básicos” (Confúcio); “Aja como se o que você faz fizesse diferença” (William James); “Quando alguém me atira um pêssego, devolvo uma ameixa.” (Mozi); “A vida irrefletida não vale a pena ser vivida.” (Sócrates); “Feliz aquele que superou o seu ego.” (Sidarta Gautama ou Buda). "Como o Homem tem necessidade de ILUSÕES para viver." Interessante como quando você tem algo importante e profundo para dizer você não precisa nem registrar em linguagem escrita. Exemplos? Sócrates, Buda e Jesus Cristo não precisaram registrar nenhuma palavra escrita para mudar o mundo de forma profunda e definitiva.
Afinal por que uma pessoa cria um Blog? A lista de motivos pode ser interminável. Mas alguns são mais ou menos comuns. Egocentrismo com certeza é um deles. Temos todos que pedir desculpas para Sidarta não é mesmo? Somos todos egocêntricos. Felizmente em graus diferenciados. Tento seguir seu conselho, mas é muito difícil. Temos que andar na corda bamba entre controlar seu egocentrismo e certo grau de niilismo (Nietzsche). Caso eu anule demais o meu chamado “eu” posso incorrer na perda de vontade de viver. Aí a coisa se complica não é mesmo? Claro que esse nunca foi o objetivo de Sidarta, mas para nós ocidentais tal risco não deixa de estar por aí a nos espreitar. O “iluminado” ou Sidarta ou Buda tinha como questão principal o objetivo da vida, o que o levou a propor uma solução para o sofrimento humano, que considerou universal: o caminho do meio. As frustrações de desejos não realizados como causa dos sofrimentos desaparecem se deixamos de desejar. Bom, mas assim acaba a vida, pois esta não passa de uma sequência de desejos que vamos perseguindo durante todo tempo que respiramos. O próximo passo é entender que o nosso "eu" é a fonte de origem de todos os nossos desejos. Para Sidarta o eu não passa de uma ilusão que gera sofrimento na medida em que não reconhecemos que somos transitórios e sem substância e, principalmente que todo eu não passa de uma pequena parte do não-eu. Não se trata de parar de viver, mas viver sem esse apego a algo que certamente não durará muito. No fim há na verdade uma valorização de uma vida que deixa de ser escrava de uma ideia sem fundamento e substância: o nosso eu de cada dia. Podemos então pensar que podemos ter um blog e não utilizá-lo apenas para satisfazer os desejos de nosso ego.
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