Não te quero mais!
Jairo Melgaço.
Não te quero mais!
Toda seiva secou,
A tenra folha murchou,
Em pó puro tudo virou,
Pueril poeira vegetal,
Que ao vento pousou
Na terra que não mais acolhe,
Que não mais pulsa,
Que não mais vida tem,
Que inerte,
Que estéril
Não mais deixará de assim ser,
Sempre desta forma,
Para nunca mais ressurgir
Da completa morte
Nunca mais florescer,
Pois, do nada,
Nada pode ser,
Nada pode nascer.
Não te quero mais!
O meu olhar já não te vê,
O meu coração não mais te sente,
A proximidade ficou distante,
A cumplicidade agora é o disfarce escondido
Do enganar que já não mais engana.
A realidade aflorou nua e crua,
O mundo se mostrou na sua crueldade irreversível,
O teu perfume não mais me embriaga,
No fundo do teu olhar não enxergo mais tua alma,
Não enxergo mais nenhum desejo me guiando
Em tua direção.
O que sinto é total vazio,
Sem contornos,
Sem conteúdo,
Somente uma vontade de perto não estar,
Para melhor e fundo respirar
A brisa leve da liberdade,
De ir onde queira o meu querer
Com quem me querendo eu quiser,
Com os motivos mais fúteis,
Mais fundamentais,
Diversos,
Sem nenhuma importância,
Mesmo assim vitais,
Sem objetivo claro algum,
Na direção certa do certo da minha vida,
Da qual parte já não és.
Partir simplesmente,
Ir indo
Onde a estrada,
Onde a trilha me leva
Sem você,
Que não quero mais,
Nunca mais!
Não te quero mais!
A decepção,
Da errada escolha,
Do falso amor
Do verdadeiro desamor,
Sem nenhum rancor,
Do desencontro de visualizados futuros
Incompatíveis,
Incongruentes paralelos infinitos
Em direções opostas,
Que nunca se encontram,
Que nunca se integram,
Que nunca se complementam.
Apenas duas diversas sentenças
Em duas vontades estranhas,
Olhando em direções contrárias,
Buscando o diferente,
O que não se compraz,
Com prazer nenhum,
Inexistente harmonia
Do sossego algum,
Da paz nenhuma,
Sem nenhum elo conjugal comum.
Por isto e mais outros tantos,
E talvez mais ainda,
Não te quero mais,
Nunca mais!
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