quinta-feira, 4 de outubro de 2012

André Gide: De como é possível retirar muita coisa boa de um escritor considerado maldito (sem a preocupação aqui de saber se justa ou injustamente).

Por que alguns escritores são considerados malditos? Por suas opiniões contrárias a uma moral dominante? Pelos temas abordados? Lautréamont, Baudelaire, Jean Genet, William Blake, Poe, Sade, Proust, Antonin Artaud, Kafka, Emily Bronte¨, Michelet, Rimboud, Paul Verlaine, Alvares de Azevedo, Nelson Rodrigues, Sousândrade, João Antônio, Paulo Lemisnki, Alice Ruiz são alguns exemplos. A lista vai longe. Teriam eles somente coisas condenáveis? Que critérios pertinentes e quem teria o direito de julgá-los?



André Paul Guillaume Gide, Prêmio Nobel de Literatura de 1947, nasceu em Paris em 22 de novembro de 1869 e faleceu de congestão pulmonar, no dia 19 de fevereiro de 1951. No ano seguinte, a Suprema Sagrada Congregação do Santo Ofício, em Roma, inscreveu sua obra inteira no Index Lbrorum Prohibitorum.


“Que meu livro te ensine a te interessares mais por ti do que por ele próprio – depois por tudo o mais – mais do que por ti.”
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“(...) passei três anos de viagem a esquecer (...) tudo que aprendera com a cabeça.”
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“Suprimir em si a ideia de mérito; eis uma grande prova para o espírito.”
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“A melancolia não é senão um fervor que decaiu.”
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“Todo ser é capaz de nudez; toda emoção, de plenitude.”
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 “Nossos atos prendem-se a nós como a luz ao fósforo. Consomem-nos, é certo, mas fazem nosso esplendor. E se nossa alma pode valer alguma coisa foi porque ardeu com mais ardor do que algumas outras.”
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“ASSUMIR O MAIS POSSÍVEL DE HUMANIDADE, eis a boa fórmula.”
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“O sábio é quem com tudo se espanta.”
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“Que o homem nasceu para a felicidade, por certo toda a natureza o ensina. É o esforço para a volúpia que faz germinar a planta, enche de mel a colmeia, e o coração humano de bondade.”
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“Sonho com novas harmonias. Uma arte das palavras mais sutil e mais franca; sem retórica; e que não procure provar coisa alguma.”
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“Ah, quem libertará meu espírito das pesadas cadeias da lógica? Minha mais sincera emoção, ao exprimi-la, logo se falseia.”
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“A vida é talvez mais bela do que os homens consentem que seja. A sabedoria não está na razão e sim no amor. (...) Ó libertação! Ó liberdade! Até onde meu desejo puder estender-se irei. Tu, que amo, vem comigo; eu te carregarei até lá para que possas ir mais longe ainda.”
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“Tudo que não sabes dar te possui.”
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“Senhor, Ah! dai-me a felicidade de não esperar a morte para morrer.”
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“Minha felicidade consiste em aumentar a dos outros. Preciso da felicidade de todos para ser feliz.”
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“Penso: logo sou. E igualmente: sofro, respiro, sinto: logo sou. Pois se não pode pensar sem ser, pode-se ser sem pensar.”
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“É para a volúpia que se esforça toda a natureza. (...) Ela dispõe a corola para os beijos dos raios de sol, convida para as núpcias tudo que vive, (...) e faz a borboleta escapar da prisão da crisálida. Guiado por ela, tudo aspira a um maior bem-estar, a mais consciência e progresso... Eis porque encontrei mais ensinamentos na volúpia do que nos livros; porque encontrei nos livros mais obscurecimento do que claridade.”
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“Não, não houve nem diminuição de desejos, nem saciedade, com a idade; mas, amiúde, sentindo em meus lábios ávidos o esgotamento demasiado rápido do prazer, a posse parecia-me de menor valor que a procura e dia a dia mais ia preferindo a sede a matar a sede, a promessa de volúpia à própria, a ampliação do amor à sua satisfação.”
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“Oh, tudo o que não fizemos e, no entanto teríamos podido fazer... pensarão eles, no momento de deixarem a vida. (...) a hora que passa, passa definitivamente.”
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 “O medo do ridículo arranca de nós as mais tristes covardias. (...) – pois se o futuro consentisse em ser unicamente a repetição do passado, estaria nisso a consideração mais capaz de me arrancar toda alegria de viver.”
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“Quero mal a tudo o que diminui o homem; a tudo o que tende a torná-lo menos sábio, menos confiante e menos vivo.”
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“Só me comprazo com o que respira e pode viver. (...) Quero saber o que há de jactância em tua virtude, de interesse em teu patriotismo, de apetite carnal e de egoísmo em teu amor.”
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“Camarada, não aceites a vida tal qual a propõem os homens. Não cesses de te persuadir que ela poderia ser mais bela, (...) Quando começares a compreender que o responsável por todos os males da vida não é Deus, que os responsáveis são os homens, não te conformarás mais com esses males.”
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“Nathanael, agora, joga fora meu livro. Emancipa-te dele. Abandona-me. Deixa-me, (...) Estou farto de fingir educar alguém.(...) Educar! – E a quem educaria, senão a mim mesmo? Só te apegues em ti ao que sintas que não se encontra alhures senão em ti, e cria em ti, impaciente e pacientemente, ah! o mais insubstituível dos seres.”

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