sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Prosopopeia XI



Qual foi a ideia que Heidegger não quis reconhecer em Nietszche (Deleuze)? Para Nietzsche nunca existiu o Ser. Ele negou o Ser. Junto com Heráclito passou a acreditar apenas no vir-a-ser. O movimento eterno do espaço-tempo no seu eterno retorno como conceito base de explicação da realidade. Nada é, nem está, e nunca esteve parado, estático. Tudo é fluxo.  Movimento (teleológico?) na direção do eterno retorno do mesmo. Isto nos remete às possíveis respostas teoricamente aceitas para a pergunta sobre o início do Universo, da realidade, se existiu algo antes do Big Bang? Uma delas defende a ideia do eterno retorno do mesmo, na medida em que explica o Universo no tempo, como uma eterna expansão-contração cíclica de toda sua massa. Um Big Bang seguido de uma expansão do espaço-tempo até o seu limite, o limiar da expansão, que se transforma em retração, fazendo todo o Universo se reduzir novamente à bolinha de tênis, que explodira anteriormente, e que novamente explodirá ao chegar ao antípoda daquele mesmo limiar da expansão, que agora atinge o limiar da contração, que gera a energia necessária para a explosão, começando tudo de novo. Partindo da opção por considerar esses argumentos válidos, e concordando com o fato de que não existe Ser, que tal coisa não passa de uma ideia que não se realiza enquanto realidade empírica, uma vez que não é possível jamais fazer do Ser um mapa, por que sua paisagem não existe, não existe uma Paisagem do Ser, porque não existe Ser, como fica Parmênides neste contexto? Para que o Ser exista é preciso que a Natureza resolva congelar seu fluxo vital, ou seja, seu ciclo de vida, sua existência. Seria como se a Natureza resolvesse ser o que nunca foi, como ser um quadro no rolo de filmagem de uma história com duração de no mínimo alguns muitos bilhões de anos. Não dá para parar o filme para o Ser ser. Tornar-se Ser. Porque o conceito de Ser para se adequar à coisa que designa, que dá nome ou, por outro lado, substitui no raciocínio, na utilização da razão, para que seja possível pensar o Ser, primeiro precisa que a coisa de fato exista. Como não existe Ser não existe filosofia do ser, ontologia? Ou a ontologia teria como sua preocupação primeira o Sendo? Como ficaria, então, a questão da filosofia de Heidegger ser um dos pilares da ética contemporânea? Entretanto, a quem pode interessar tal questão?

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