Que questão filosófica é hoje imprescindível? O ser? O que posso conhecer? O que devo fazer? O futuro? Minha opção agora é pela questão do dever. Continuemos com a Prosa sobre ética. Como vimos anteriormente Aristóteles, Spinosa, Kant e Nietzsche são referências de base para uma discussão sobre ética. Na verdade temos que considerar os desdobramentos de tais formulações nas suas consequências atuais. Claro que outras referências podem ser incluídas tais como Wittgenstein e Heidegger, como considera Jacqueline Russ no interessantíssimo livro “Pensamento ético contemporâneo”. Para uma análise das éticas de nosso tempo, deixando de lado as éticas aplicadas (bioética, ambiental, etc.), a autora aborda uma enorme lista: Deleuze, Guattari, Misrashi, Comte-Sponville, Marcel Conche, Clement Rosset, Levinas, K.O. Opel, Jürgen Habermas, Hans Jonas, Michel Foucault, Pierre Hadot, Michel Onfray, Jean Pierre Changeaux, John Rawls e Gilles Lipovetsky, entre outros. Como se vê chegar a um consenso sobre essa questão primordial nesse nosso mundo ocidental marcado pelo individualismo, pelo niilismo, pela falta de referências ideológicas e as consequências desconcertantes das novas tecnologias, não é tão fácil. No entanto, podemos caminhar devagar e sempre. Quanto a Wittgenstein, que junto com Kant, são bases fundamentais para Habermas podemos questionar: dizer é mesmo fazer (ver Austin)? Quando alguém ordena alguma coisa faz essa coisa? Ou quem recebe a ordem é quem realiza a ação? Quando alguém pede alguma coisa significa sempre que o pedido tornar-se-á sempre algo realizado? Pensar é sempre comunicar? Na verdade isso não tem tanta importância como verificar como isso se desdobra em princípios éticos contemporâneos: o princípio de universalização de Habermas que pretende substituir o imperativo categórico de Kant traz realmente algo novo e uma razão prática que pode funcionar e ter uma aplicabilidade consensual e eficiente? O princípio de universalização (“Toda norma válida deve satisfazer a condição segundo a qual as consequências e os efeitos secundários que provêm do fato de que a norma foi universalmente observada na intenção de satisfazer os interesses de cada um podem ser aceitos por todas as pessoas concernidas.”) realmente traz o que de novidade em relação a Kant? Vejamos: Kant quando expressa seu imperativo categórico (“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.”) se dirige diretamente ao indivíduo com o “Age” e “possas querer”. Habermas pretende um consenso prático universal onde todas as pessoas que sofrerem a aplicação de uma norma a aceitem consensualmente já que ela realiza e se fundamenta no interesse individual. Será esse consenso possível diante do individualismo atual? Como chegar a um consenso coletivo se na verdade as atitudes privilegiam o individual em detrimento da coletividade? Podemos considerar então que não será a ética que combaterá o narcisismo e o individualismo, mas somente será aplicável se primeiro extinguir o individualismo? As pessoas pensam primeiro a partir do senso comum, que ainda está longe de sofrer seu primeiro salto de qualidade (ruptura) provocado pelas descobertas da ciência. Apesar de que toda e qualquer ética somente seja aplicável na medida em que contemple a totalidade do social acredito que ela seja uma opção individual. Não adianta colocar preceitos e normas para todo lado em out-doors, lousas, etc. que se o indivíduo não se sentir tocado por ela não agirá conforme o que ela pede e pronto. Nesse sentido vale a pena considerar o princípio que expressa a ideia de aplicar valores estéticos à própria vida, formando uma totalidade estético-ética onde regras gerais não determinam o comportamento individual. Penso que toda e qualquer ética existe no comportamento do indivíduo quanto a si mesmo, aos outros e para com o mundo. Ela somente assume realidade e passa a ter e ser viva no contexto individual. Nesse sentido considero muito interessante considerar a estética como base da ética. Estética entendida como arte de viver bem e de acordo com o bom e o belo. Tu deves ser o quanto mais possível bom e belo, belo e bom, por que não? Porque isso tudo é só lorota, papo de quem não tem coisa melhor para fazer, a não ser prosopopeiar.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Prosopopeia X
Que questão filosófica é hoje imprescindível? O ser? O que posso conhecer? O que devo fazer? O futuro? Minha opção agora é pela questão do dever. Continuemos com a Prosa sobre ética. Como vimos anteriormente Aristóteles, Spinosa, Kant e Nietzsche são referências de base para uma discussão sobre ética. Na verdade temos que considerar os desdobramentos de tais formulações nas suas consequências atuais. Claro que outras referências podem ser incluídas tais como Wittgenstein e Heidegger, como considera Jacqueline Russ no interessantíssimo livro “Pensamento ético contemporâneo”. Para uma análise das éticas de nosso tempo, deixando de lado as éticas aplicadas (bioética, ambiental, etc.), a autora aborda uma enorme lista: Deleuze, Guattari, Misrashi, Comte-Sponville, Marcel Conche, Clement Rosset, Levinas, K.O. Opel, Jürgen Habermas, Hans Jonas, Michel Foucault, Pierre Hadot, Michel Onfray, Jean Pierre Changeaux, John Rawls e Gilles Lipovetsky, entre outros. Como se vê chegar a um consenso sobre essa questão primordial nesse nosso mundo ocidental marcado pelo individualismo, pelo niilismo, pela falta de referências ideológicas e as consequências desconcertantes das novas tecnologias, não é tão fácil. No entanto, podemos caminhar devagar e sempre. Quanto a Wittgenstein, que junto com Kant, são bases fundamentais para Habermas podemos questionar: dizer é mesmo fazer (ver Austin)? Quando alguém ordena alguma coisa faz essa coisa? Ou quem recebe a ordem é quem realiza a ação? Quando alguém pede alguma coisa significa sempre que o pedido tornar-se-á sempre algo realizado? Pensar é sempre comunicar? Na verdade isso não tem tanta importância como verificar como isso se desdobra em princípios éticos contemporâneos: o princípio de universalização de Habermas que pretende substituir o imperativo categórico de Kant traz realmente algo novo e uma razão prática que pode funcionar e ter uma aplicabilidade consensual e eficiente? O princípio de universalização (“Toda norma válida deve satisfazer a condição segundo a qual as consequências e os efeitos secundários que provêm do fato de que a norma foi universalmente observada na intenção de satisfazer os interesses de cada um podem ser aceitos por todas as pessoas concernidas.”) realmente traz o que de novidade em relação a Kant? Vejamos: Kant quando expressa seu imperativo categórico (“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.”) se dirige diretamente ao indivíduo com o “Age” e “possas querer”. Habermas pretende um consenso prático universal onde todas as pessoas que sofrerem a aplicação de uma norma a aceitem consensualmente já que ela realiza e se fundamenta no interesse individual. Será esse consenso possível diante do individualismo atual? Como chegar a um consenso coletivo se na verdade as atitudes privilegiam o individual em detrimento da coletividade? Podemos considerar então que não será a ética que combaterá o narcisismo e o individualismo, mas somente será aplicável se primeiro extinguir o individualismo? As pessoas pensam primeiro a partir do senso comum, que ainda está longe de sofrer seu primeiro salto de qualidade (ruptura) provocado pelas descobertas da ciência. Apesar de que toda e qualquer ética somente seja aplicável na medida em que contemple a totalidade do social acredito que ela seja uma opção individual. Não adianta colocar preceitos e normas para todo lado em out-doors, lousas, etc. que se o indivíduo não se sentir tocado por ela não agirá conforme o que ela pede e pronto. Nesse sentido vale a pena considerar o princípio que expressa a ideia de aplicar valores estéticos à própria vida, formando uma totalidade estético-ética onde regras gerais não determinam o comportamento individual. Penso que toda e qualquer ética existe no comportamento do indivíduo quanto a si mesmo, aos outros e para com o mundo. Ela somente assume realidade e passa a ter e ser viva no contexto individual. Nesse sentido considero muito interessante considerar a estética como base da ética. Estética entendida como arte de viver bem e de acordo com o bom e o belo. Tu deves ser o quanto mais possível bom e belo, belo e bom, por que não? Porque isso tudo é só lorota, papo de quem não tem coisa melhor para fazer, a não ser prosopopeiar.
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