O sistema filosófico de Espinosa não passa de mais um castelo de cartas? Eu já falei tanta besteira
pretensamente filosófica e ninguém se sentiu provocado. Ninguém!?! Será que o
sentido dado para Prosopopeia é mesmo tão forte que tudo não tem sentido algum já
que quem está opinando é um ser irracional? Estamos a escutar a voz de que ser
do reino animal? Uma besta quadrada bípede. Mais ou menos condizente com o bípede
sem penas de unhas largas dos filósofos gregos. O bípede sem penas de unhas
largas está a opinar e ninguém se sente indignado com tanta asneira, e resolve
lhe dar um conselho direto e claro: você não tem nenhuma vocação, vá fazer outra
coisa do tipo plantar batatas. Plantar batatas ou outro afazer qualquer, o que
importa mesmo é que se você insistir no máximo vai fazer as pessoas darem boas
risadas. Taí um objetivo que considero importante para a filosofia: o rir. Onde
está a aldeia global? Por quê? Será que alguém vai aguentar tais provocações
sem reagir e mostrar onde prosopopei,
tornei-me sem razão? Quem sabe não surge daí uma maneira de entender as
coisas que pelo menos faça sentido. E este tem que ter por base um fundamento:
o homem na sua trajetória no espaço-tempo do sistema solar. Com isto, agora a
filosofia deve ser provocação. Provocar o debate. Verificar as opiniões
divergentes. Fundamentando-se cientificamente, principalmente nas últimas
descobertas como no caso da matéria, palavra esta que se desgastou para de
repente descobrir que não se relaciona a nada existente, pelo menos no sentido
tradicional e original da palavra. Em alguns casos são sistemas inteiros que ruíram
como um grande castelo de cartas. Principalmente quando o construtor do sistema
filosófico entende que o conhecimento novo somente pode realizar-se através do
uso da razão, ou seja, é assumida uma postura racionalista em detrimento da
empírica, quase sempre como opções pré-kantianas. Quando o racionalismo é
absoluto então, fica mais claro tal fato. Uma exceção, em minha opinião, é
Espinosa. Por que o sistema filosófico de Espinosa, apesar de construído por um
racionalismo absoluto, não é um castelo de cartas que pode ruir diante de qualquer
sopro crítico? Penso que isso decorre do fato de que ele foi talvez o primeiro
pensador a relacionar essência e existência: “Digo que pertence à essência de uma coisa aquilo que, sendo dado, faz
necessariamente com que a coisa exista e que, sendo suprimido, faz necessariamente
com que a coisa não exista; por outras palavras, aquilo sem o qual a coisa não
pode nem existir nem ser concebida e, reciprocamente, aquilo que, sem a coisa,
não pode nem existir nem ser concebido.” (Definição II da Parte II da
Ética) Mais tarde Sartre anunciará talvez sua maior máxima: “A existência precede
a essência.”. O que estou observando é que Espinosa aplicou à existência humana
seu esforço por chegar ao verdadeiro conhecimento das coisas e, nessa medida
tratou de liberdade do homem, dos valores, das virtudes, das afecções ou
paixões humanas, com a questão da vida virtuosa, da felicidade entre outras
coisas que se referem com a ética e de como devemos agir para viver bem. Nesse
sentido considero uma ideia importantíssima, porém muito pouco conhecida e,
infelizmente muito pouco colocada em prática: “A felicidade não é o prêmio da virtude, mas a própria virtude; e não
gozamos dela por refrearmos as paixões, mas ao contrário, gozamos dela por
podermos refrear as paixões.” (Proposição XLII da Parte V da Ética) Será
que algum dia esse preceito fará parte do senso comum? O que isso significaria
afinal? Para indicar talvez uma opinião quanto a isso fosse interessante
entender que para o senso comum temos o contrário dessa proposição: a ideia é
de que somente se alcança a felicidade assumindo primeiramente o refrear das
paixões ou afecções da alma, tais como ambição, luxúria, embriaguez, avareza,
lubricidade, o que resultaria necessariamente na tão sonhada felicidade. O que
a proposição de Espinosa expressa é justamente o contrário. Na medida em que
você é feliz tais afecções não podem lhe interessar e, portanto não podem lhe
afetar de nenhuma maneira na condução de sua vida. Talvez daí uma máxima
espinosiana: a felicidade precede e é
condição para a opção por uma vida ética. Será isso mesmo? Caso não seja
não tem importância. É somente mais uma prosopopeia.
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