Prosopopeia IX
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Optar por uma vida ética ou estética (Kierkegaard)? Por que será que na
tentativa grega de definir ser humano como bípede sem penas e de unhas largas
não foi incluída a ideia do ser que pensa? Descartes ainda não havia nascido?
Por que esse biologismo em detrimento do psiquismo e do social? Uma antecipação
do organicismo de alguns séculos depois? Tudo é organismo. Mas fica certa
contradição: justamente os gregos, um dos povos pioneiros na utilização da
capacidade de pensar na hora de definir, ou seja, buscar o que é diferente, o
que é específico no ser humano fazê-lo valorizando as características físicas e
biológicas, não deixa de ser até certo ponto algo desconcertante. O que importa
agora é que o bípede pensa, fala, e se fala escreve. Porém, como já frisado anteriormente,
papel aceita tudo que dita uma consciência qualquer com estas ou aquelas
preferências quanto a valores. Optar por uma vida ética ou estética
(Kierkegaard)? As duas coisas alternadamente? Ou simplesmente uma vida sem
rótulos e sem pré-conceitos: um retorno ao ser bruto (Merleau-Ponty?),
originário que tende para os excessos degradantes ou não da realidade vivida. Existirá
algum dia a possibilidade real de optar por uma vida de acordo com os valores
que pessoal e individualmente livremente se possa escolher? Ao que dedicar a
própria vida? Que norte seguir? Espinosa, Kant, Aristóteles, Nietzsche e tantos
outros deram suas opiniões de forma, até certo ponto, definitivas. Como
discutir ética sem considerar a “Ética a Nicômaco”, a “Fundamentação da
Metafísica dos Costumes”, e o eterno retorno como pensamento ético?
Considerando a afirmação de Aristóteles (“A virtude moral é um meio-termo entre
dois vícios, um dos quais envolve excesso e outros deficiência, e isso porque a
sua natureza é visar à mediania nas paixões e nos atos.”) teríamos uma possível
resposta para a questão vida ética versus estética? Mediania entre vida ética e
vida estética? Mas, até que ponto? Até onde ir, a qual profundidade no estético
e no ético. Dependendo pode não haver como voltar e virar a mesa. Daí que
talvez adicionando o imperativo categórico de Kant (“Age apenas segundo uma
máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.”)
Claro que isso é mais aplicável à vida ética, mas e a vida estética? Como
vislumbrar o umbral, o limiar do possível retorno ao ético? Talvez assim: “Se
tudo o que tu quiseres fazer, começares por perguntar-te: é seguro que eu
queira fazê-lo um número infinito de vezes, este será para ti o centro de
gravidade mais sólido.” (Nietzsche, VP, IV) Na tradução de Deleuze: “O que tu
quiseres, queira-o de tal modo que também queiras seu eterno retorno.” Será que
isso resolve? Tanto faz que seja sim ou que seja não. É somente mais uma Prosa
sem sentido algum! Não é?
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