A Morte.
A morte tem lugar em todos os
seres vivos. Dante não poderia escrever a Divina
Comédia sem a morte. Os filósofos sem a morte não teriam uma de suas questões
fundamentais. Os existencialistas não teriam motivo para existir. Médicos
seriam desnecessários:
"não importa a doença que vou ter que lutar
contra, afinal o fim não existe,
posso passar por alguns desconfortos, mas existem
os analgésicos e a morfina...
Com dor não pode existir vida no
sentido pleno! Essa coisa depende de alguns pressupostos básicos e entre eles
com cerveja a ausência de dor.
As formas de tentar entender,
aceitar, superar o fato de que o homem seja um
ser para a morte varia tanto quanto a morte se manifesta por todos os
lugares, e como não poderia deixar de ser, por todos os tempos...
O indivíduo e a sociedade tratam de
forma diferente a morte. Individualmente, por um lado, as pessoas querem ter a
maior quantidade de primaveras e, por outro, a intensidade das sensações
consideradas prazerosas. Claro que não podemos desconsiderar o prazer de ter
uma vida sem sensações intensas, mas apenas corriqueiras e rotineiras.
Muitos artistas podem ser incluídos
como optantes da opção por extremos sensitivos, e isso parece implicar no fato
das suas reincidentes mortes precoces.
Beber ou não? Fumar ou não? Ou isso
ou aquilo? (Cecília Meirelles) Na vida qual o custo benefício de nossas
escolhas? Sem respostas pautadas em hipocrisias teríamos que considerar em que
contextos elas estão presentes.
Por exemplo: num grupo de adolescentes
todos buscando popularidade e sucesso no grupo e, principalmente com o relação
ao sexo oposto (ou não) desejado com sua
característica falta de experiência e maturidade pessoal, não tem a menor
chance de nadar contra a maré: vira um Maria
vai com as outras, e jamais consideram o questionamento aqui considerado,
que dificilmente passa pelas suas cabeças, salvo em situações em que possuam
pais ou escolas que se preocupam em abrir-lhes os olhos, proporcionando a avaliação
e análise de suas escolhas melhor orientadas.
Caso um deus lhe procurasse e dissesse
que daria a você uma nova chance, uma nova oportunidade de escolha para o
andamento de sua vida. Por exemplo você de novo com 20 anos:
"Calça
nova de riscado \ Paletó de linho branco, que até o mês passado lá no campo
inda era flor \ sob o meu chapéu quebrado \
um sorriso ingênuo e franco \ de um rapaz novo encantado \ com vinte anos
de amor... (Fagner)
Voltar e optar dessa vez por viver sem
nenhum estímulo externo, artificial ou não. Apenas o que a natureza lhe
proporcionou no seu nascimento: seu corpo, sua mente e, provavelmente seu
espírito. Enfim, a opção por uma vida pautada no evitar tudo que signifique
possíveis problemas futuros, principalmente relacionados à saude, à longevidade
quantitativa do percurso na estrada da vida.
Estatisticamente
seria interessante avaliar a incidência de mortes precoces e casos de
longevidade. São comuns os exemplos apresentados pela mídia de pessoas que
superaram o limite dos 100 anos. Rotina de vida regrada, pouca, diversificada e
saudável alimentação, (sem drogas principalmente) atividade física e mais um
monte de receitas consideradas fundamentais para uma maior longevidade...
Pelo menos até agora 15 artistas
morreram com 27 anos de idade: Alexandre Levy (o primeiro), Robert Johnson,Nat Jaffe, Alan "Blind Owl" Wilson,
Brian Jones, Ron "Pigpen" McKernan, Pete Ham, Jimi Hendrix, Jimi
Hendrix, Gary Thain, Jacob Miller, Janis Joplin, André Fredrik Pretorius, Kurt
Cobain, Amy Winehouse.
(Janis Joplin)
Quando você analisa suas escolhas
pessoais a maioria deles optou pelos estímulos sensoriais, na forma de variadas
drogas, para beber, fumar, cheirar, injetar. Quantos não artistas (anônimos)
poderiam ser incluídos nessa lista???Quantos desses mudariam suas vidas
mudando as opções com o objetivo de passar dos 27? Nunca teremos uma resposta
para essa pergunta. Mas cada um de nós pode respondê-la em certos momentos determinados
de nossas vidas.
Enfim, não existe uma resposta social
de consenso que dê conta da resposta individual. Nessa questão as opiniões da
comunidade podem ser divulgadas de forma intensiva na mídia, porém jamais como
imposição definitiva ao indivíduo, que tem sua própria vida em suas mãos.
Nenhuma relação aqui com livre arbítrio, que faz parte do contexto religioso.
A morte é o horizonte do homem. Viver
sob seu manto o tempo todo, tentando ludibriá-la por mais tempo possível, ou
viver sem considerar sua existência, tanto faz. O instante pertence a cada um
que respira, e o ar que vai colocar em seus pulmões tem que ser de acordo com
sua vontade. Tanto faz morrer agora ou depois. Como Epicuro penso que o morto
não poderá se manifestar quanto à sua própria morte, pelo simples fato das
limitação de sua condição de morto.
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