terça-feira, 21 de agosto de 2012

Causo verídico do sertão de Minas Gerais: uma graça alcançada com Padre Libério.



O dia em que, em minha opinião, alcancei uma graça com Pe. Libério.

A melhor festa no Quartel São João é uma vez por ano: a festa junina. Vale mesmo a pena ir até lá. Mesmo que o acesso não seja lá essas coisas. A estrada de terra batida é longa e estreita. Em muitos trechos, só tem espaço para um de cada vez. Já passei por lá em dia de chuva e aí a coisa se complica mais. Tai uma boa oportunidade para os políticos da região trabalharem para que seja possível financiar o asfaltamento por aquelas bandas do sertão de Minas Gerais. Por outro lado e pensando bem, talvez essa não seja uma boa ideia. Pode-se perder o lado natural da coisa em si.  Mas o assunto aqui é o Pe Libério que tantos devotos tem por estas bandas de Leandro Ferreira, Bom Despacho, Martinho Campos e por aí vai... Uma condição que podemos indicar para que alguém se torne devoto de um santo é a de que se tenha fé nele, e que se acredite que ele vai ajudar, principalmente nas horas em que mais se necessite de receber uma graça. Estas são decorrentes da vida de cada devoto. Por isto os pedidos variam em função do contexto vivido, que gera a necessidade para o apelo ao santo. No meu caso aconteceu mais ou menos assim: Fui para a festa junina no Quartel São João num dia chuvoso levando um violão atrás do banco da pampa. Chegando lá pude ir até a grande fogueira, que já ardia há tempos. A praça estava cheia de pessoas nas diversas barracas e bares, comendo, bebendo, conversando, olhando e procurando um olhar, ou algum conhecido, circulando daqui e dali, tentando tirar o melhor proveito daquela situação toda. Para encurtar a conversa, encontrei-me com uma amiga cujo pai gostava de tocar sanfona. Fui até a pampa buscar o violão, e já retornei dando uns retoques na sua afinação. No bar, em pé perto do balcão, tocamos e cantamos com os que estavam por ali, e que compunham um coro. Eu diria que se fosse pago o show daria prejuízo. Mas tudo é festa e com um pouquinho de álcool na cuca perde-se um pouco do senso de ridículo. Mas tudo vale, pois é festa, aliás, segundo Sérgio Lima no livro “O corpo significa” a festa instaura a transgressão, neste caso, o respeito com os ouvidos alheios. Lá pelas quatro da manhã o sanfoneiro convida para uma galinhada na sua propriedade ali perto. Preparando para irmos até lá vou buscar a pampa e descubro que não sei onde foi parar a sua chave. Esta era uma peça única e sem chaveiro.  Da parte do plástico preto utilizado para apoio dos dedos tinha sobrado apenas uma pequena parte na ponta de fora da chave. Sendo assim, praticamente a chave era uma pequena cruz de metal. Onde teria perdido a tal da chave? Voltei para o bar e já estava fechado. Levou a breca. Nada de galinhada na casa do sanfoneiro. Fomos para outro bar e começamos a tocar violão e agora os ouvidos já não sofreram tanto. Parece que o ensaio tinha sido proveitoso. Por fim, já bem cansado peguei um tamborete de madeira e couro de boi e, escorado na parede, resolvi pregar um pouco os olhos. Preocupado com o sumiço da chave pensava em como voltar para Dores do Indaiá sem a pampa. Onde poderia conseguir um chaveiro em fim de uma festa como aquela. Aí me lembrei do Pe. Libério, e das graças que as pessoas contavam ter alcançado com ele, principalmente com coisas perdidas. “Ô Pe Libério me ajuda a encontrar essa chave pelo amor de Deus”. Fiz o pedido e rezei uma ave Maria e um Pai Nosso e cochilei. Lembro que sonhei, mas não com o quê? De repente acordo e resolvo ir até ao bar para ver se estava aberto para procurar a chave, que eu teria deixado cair lá perto do balcão da cantoria com o violão e a sanfona.  Estava indo ao bar, quando não sei por que resolvi ir até a pampa. Fui olhando para o chão da rua calcada de pedras, coberta com muito barro, poças d’água, restos de cigarro, um ou outro lixo jogado aqui e ali, com aquela insistente chuvinha de molhar bobo. De repente me deparo com a chave no meio do barro há uns três metros antes de chegar até a pampa. Aí fica a questão: coincidência, acaso ou uma graça alcançada? Mas porque não fui até o bar como pensei quando me levantei do tamborete? Por que fui direto até a chave sem mudar de direção, nem passar por um lado da rua onde não poderia vê-la? Eu estava meio sonolento, admito, porém lembro com certeza que me levantei e fui até a chave de forma direta, como se alguém ou alguma coisa me guiasse. Na hora eu não tive dúvidas na minha intuição explicativa: foi mesmo uma graça alcançada com a fé no Pe Libério, principalmente pelo fato de ter certeza que não pensei o pensamento que justificaria a ordem do cérebro para a mudança de planos na busca pela chave: de não mais ir ao bar, mas virar a direita, e ir de olhos fixos no caminho percorrido na rua em direção à pampa. Eu não pensei que a chave pudesse estar perto da pampa. Estava com a certeza de que ela tinha caído perto do balcão, já que eu tinha o costume de colocá-la no bolso de moedas da calça jeans. O mais provável então era que quando peguei algumas moedas para pagar a conta ela tinha caído e eu não percebera. Em parte também porque em casa muitas vezes eu pedi ao Pe Libério para me ajudar a encontrar coisas banais do dia a dia e sempre deu certo: era pedir e achar bem rápido. Passava um tempo procurando e não achava. Pedia e achava em seguida. Acaso? Pode ser, mas uma coisa tem que ser considerada: são muitos acasos e coincidências recorrentes. Por isso não tive dúvidas. Com a chave na mão contei o ocorrido para minha amiga filha do sanfoneiro, e ela achou aquilo muito interessante, ao ponto de se tornar devota de Pe Libério. E não é que aconteceu (mais uma coincidência, acaso ou graça?) dela me procurar algum tempo depois para contar que havia feito um pedido ao Pe Libério, e que ele tinha prontamente lhe atendido? Estava precisando de uma ajuda que logo chegou na figura de seu tio, que simplesmente chegou na casa dela perguntando se ela estaria precisando de alguma ajuda. Qual a sua opinião? Acaso ou uma graça alcançada? Eu tendo por não ter esta dúvida. Que tal seguir o exemplo de minha amiga? Torne-se devoto ou devota de Pe Libério. Reze para ele e quando precisar peça. Quem sabe ele não atende seu pedido também.





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