quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Experiência poética II: Quadros de Infância.


Quadros de Infância
Jairo Melgaço

O Mundo de repente aberto ao meu futuro,
No fim das águas de verão, 
Quando o Brasil logo logo, na Suécia, campeão;
Dos braços maternos do aconchego, 
Que da mesma forma nunca mais será,
Às Dores do Indaiá.

Largo espaço mineiro ao meu comando.
Braços fortes vegetais que não se deixam estalar,
Das jabuticabeiras e mangueiras, 
Ao peso dos corpos voando,
No quintal brincando, 
Daqui prá li e dali prá cá.

O gado de ossos na lida; 
De palitos de picolé o curral;
O caranguejo pescado na bolinha de cera,
Bem debaixo dos pés;
A água do balde preso no barbante, 
Ali bem perto do bananal,
Compõem no tempo, 
O espaço pleno da minha primeira presença total.

Torrões e flechas ao seu destino voando,
No faroeste das guerras.
Nas avermelhadas terras do barranco afora, 
surf no lombo das bananeiras.
Bem perto dos quadros
Com molduras cintilantes da abóboda celeste,
Das roupas sob o sol, 
Coloridas e brilhantes frutos do pincel das lavadeiras.

Momentos com significados de vida especial,
Iguais a estes só mesmo tendo de presente
Um privilégio natal,
Quisera eu poder doar-te 
Para cada uma das crianças em geral,
E seria diferente esse mundo 
Bem menos cheio de mal. 

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