SAUDAÇÃO
Ezra Pound
Oh geração
dos afetados consumados
E consumadamente
deslocados,
Tenho visto
pescadores em piqueniques ao sol,
Tenho-os
visto, com suas famílias mal-amanhadas,
Tenho visto
seus sorrisos transbordantes de dentes
E escutado
seus risos desengraçados.
E eu sou
mais feliz que vós,
E eles eram
mais felizes do que eu;
E os peixes
nada no lago
E não
possuem nem o que vestir.
(Tradução de
Mário Faustino)
(trecho de um comentário de Haroldo de Campos
extraído do livro: Ezra Pound - Poesia)
.
E ASSIM EM
NÍNIVE
Ezra Pound
“Sim, sou um
poeta e sobre a minha tumba
Donzelas hão
de espalhar pétalas de rosas
E os homens,
mirto, antes que a noite
Degole o dia
com a espada escura.
“Vê! Não
cabe a mim
Nem a ti
objetar,
Pois o
costume é antigo
E aqui em
Nínive já observei
Mais de um
cantor passar e ir habitar
O horto
sombrio onde ninguém perturba
Seu sono ou
canto.
E mais de um
cantou suas canções
Com mais
arte e mais alma do que eu;
E mais de um
agora sobrepassa
Com seu
laurel de flores
Minha beleza
combalida pelas ondas,
Mas eu sou
um poeta e sobre a minha tumba
Todos os
homens hão de espalhar pétalas de rosas
Antes que a
noite mate a luz
Com sua
espada azul.
“Não é,
Raana, que eu soe mais alto
Ou mais doce
que os outros. É que eu
Sou um
Poeta, e bebo vida
Como os
homens menores bebem vinho.”
Do livro:
POUND, E.
Antologia poética de Ezra Pound. Organização, apresentações e traduções por
CAMPOS, A.; CAMPOS, H.; FAUSTINO, M.; H; PIGNATARI, D.; GRÜNEWALD, J.L. Lisboa:
Ulisséia, 1968.
AND THUS IN NINEVEH
Ezra Pound
"Aye! I am a poet and upon my tomb
Shall maidens scatter rose leaves
And men myrtles, ere the night
Slays day with her dark sword.
"Lo! this thing is not mine
Nor thine to hinder,
For the custom is full old,
And here in Nineveh have I beheld
Many a singer pass and take his place
In those dim halls where no man troubleth
His sleep or song.
And many a one hath sung his songs
More craftily, more subtle-souled than I;
And many a one now doth surpass
My wave-worn beauty with his wind of flowers,
Yet am I poet, and upon my tomb
Shall all men scatter rose leaves
Ere the night slay light
With her blue sword.
"It is not, Raana, that my song rings highest
Or more sweet in tone than any, but that I
Am here a Poet, that doth drink of life
As lesser men drink wine."
O SOBRADO
Ezra Pound
[Tradução Lauro J.M. Marques]
Vem, apiedemo-nos daqueles que estão melhor que nós.
Vem, amiga minha, e recorda
.......que os ricos têm mordomos e não amigos,
E nós temos amigos e não mordomos.
Vem, apiedemo-nos de casados e solteiros.
A aurora entra com seus pezinhos
.......como uma dourada Pavlova
E estou próximo ao meu desejo.
Não há coisa melhor no mundo
Que essa hora de claro frescor
.......a hora de despertarmos juntos.
Ezra Pound
[Tradução Lauro J.M. Marques]
Vem, apiedemo-nos daqueles que estão melhor que nós.
Vem, amiga minha, e recorda
.......que os ricos têm mordomos e não amigos,
E nós temos amigos e não mordomos.
Vem, apiedemo-nos de casados e solteiros.
A aurora entra com seus pezinhos
.......como uma dourada Pavlova
E estou próximo ao meu desejo.
Não há coisa melhor no mundo
Que essa hora de claro frescor
.......a hora de despertarmos juntos.
Ezra Pound
¡Ciudad mía, mi amor, blanca mía! ¡ah, esbelta,
óyeme! Óyeme y un alma te infundirá mi soplo.
Suavemente en el caramillo, ¡escúchame!
Ciudad mía, mi amada,
eras una doncella todavía sin pechos,
esbelta como un caramillo de plata.
¡Ahora óyeme, escúchame¡
y un alma con mi soplo te daré.
Versión de Javier Calvo
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